Quando a morte chega, envolta em dor e lágrimas,
traz junto em sua bagagem indagações sobre o porvir, sobre o fim de todos nós,
sobre o que encontraremos do outro lado. Para as pessoas que não costumam
“pensar na morte”, a proximidade do dia 2 de Novembro, Dia de Finados, pode ser
um convite a essa reflexão.
Em momento algum esta reflexão deve ser encarada
como um tipo de pensamento mórbido, ou mesmo como uma atitude pessimista diante
da vida pulsante, mas antes de tudo, tal reflexão deve ser vista como uma
prevenção diante do fato irremediável.
Estamos prontos para partir? Estamos preparados
para que as pessoas que amamos partam antes de nós? Todos dirão: Ninguém de
fato está. O que é verdade. No entanto, compreender que a morte da carne está
longe de ser a morte do ser, entender que as pessoas que morrem, na verdade
simplesmente mudam de plano, faz com que lidemos melhor com este fato natural
da vida.
Para os céticos que acreditam apenas no aqui e no
agora, em apenas uma existência, a morte é o fim do caminho. Mas para os que
acreditam que há algo além, a morte é apenas um sopro, uma passagem, uma
transição.
O culto aos mortos precede a era cristã e segue até
hoje como demonstração de afeto e respeito para com as pessoas que partiram
desta, para uma outra existência. A Doutrina Espírita não sugere o chamado
culto a Finados, mas elucida que a morte não existe, e que o túmulo é apenas o
local onde o corpo carnal é sepultado quando cessa a vida física.
No entanto, não é nos cemitérios que os espíritos
devem ser procurados. Não é ali que eles ficam. Todos vivem e, se não
estão materializados conosco, estão vivendo em algum lugar nesse imenso
Universo, que é a casa do Pai, onde, segundo Jesus, existem muitas moradas.
A visita aos cemitérios no Dia de Finados é a
representação exterior de um fato íntimo, da lembrança das pessoas que nos são
caras, mas na verdade, não há dia nem local específico para recordarmos e
homenagearmos nossos entes queridos. Todo dia é dia, toda hora é hora, e eles,
embora noutra dimensão, agradecem as nossas lembranças sinceras e equilibradas.
Que o dia 2 de Novembro possa ser mais um dia de
convite à reflexão, à oração e à lembrança das pessoas que amamos e de quem
estamos, por hora, separados. Mas, que este não seja o único dia para fazermos
isso. Vamos lembrar de nossas almas queridas, exaltando a vida e não a morte.
Que a morte não seja cultuada como o fim. Que o culto aos mortos do 2 de
Novembro seja, antes de tudo, um culto à vida, que é eterna.
Altamir Serafim João é
presidente da União Municipal Espírita de Sapucaia do Sul
Artigo publicado em 1º de novembro de 2013 no Jornal VS
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